Entenda o famoso PPI
O Bureau of Labour and Statistics (Departamento de Trabalho dos Estados Unidos) divulga o índice de preço ao produtor (PPI) da economia norte-americana. Mas o que isso tem a ver com você? Simples.
O número que for divulgado, em conjunto com os outros, será usado como parâmetro pelo Federal Reserve (FED), o Banco Central norte-americano, na sua próxima reunião, em julho, para fixar a taxa de juros da economia dos Estados Unidos, o que pode influenciar diretamente o mercado latino-americano.
“Esse índice é usado pelo FED como parâmetro do comportamento dos preços da economia. A partir dele e de alguns outros índices, é feita uma análise para chegar a conclusão do aumento ou não dos juros e de quanto”, explica o economista Carlos Thadeu de Freitas, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).
Mas qual é a expectativa do mercado para esse índice? De acordo com analistas nacionais e internacionais, o PPI “cheio” deve ter um aumento de 0,2%. Já o núcleo do índice, ou seja, todos os itens que o compõem menos produtos de preços muito instáveis, como energia e alimentos, deve aumentar em torno de 0,1%. “O mercado já espera algo em torno disso. Pelo que se pode observar, ele não deve fugir muito do esperado”, analisa Marcos Emery, diretor do Banco Alfa de Investimentos.
A grande incógnita é que mesmo com tanto consenso sobre o tema, o inesperado pode acontecer e, no caso do índice se apresentar maior do que o esperado, o FED terá que ser mais enérgico. “Se o PPI bater em 1%, por exemplo, podemos esperar forte pressão na taxa de juros. Isso mostrará que o FED está perdendo a batalha contra a inflação, o que é muito ruim para a economia mundial. De qualquer maneira, a economia americana mostra sinais nítidos de que está em aquecimento. Portanto, tudo leva a crer que haverá outro aumento de juros, independente do PPI que sair”, profetiza Carlos Thadeu.
Já Marcos Emery é mais otimista. “É óbvio que se o PPI sair muito maior do que o esperado vai ser um desastre, mas os indicadores mostram o contrário. Já há um consenso no mercado de que na próxima reunião do comitê de Open Market, Fomc, (o equivalente ao nosso Comitê de Política Monetária, Copom) não haverá aumento nas taxas de juros. O pior já passou. Agora, só tem que se esperar a digestão pelo mercado dos aumentos nas taxas de juros feitos pelo FED”, explica.
De acordo com Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, os indicadores da economia norte-americana já demonstram desaquecimento. “Podemos dizer que a economia tem mostrado bom comportamento. Portanto, é difícil que tenhamos más surpresas”, prevê.
Para Paulo Miguel, economista-chefe do Banco Boavista, não há motivo para tanta preocupação. “Os indicadores divulgados na semana passada já apontaram para um desaquecimento da economia norte-americana. Além do mais, o PPI é, em geral, um índice mais volátil. Na semana que vem, será divulgado o CPI (índice de preços ao consumidor), esse, sim, é mais importante”.